Tecnologia Social: a transformação da sociedade na união entre o trabalho, as tecnologias e a educação

Nas últimas décadas, observamos o desenvolvimento científico e tecnológico atingir feitos que até então julgávamos dignos de ficção científica, como a manipulação genética, o turismo espacial, o metaverso, o ChatGPT e tantos outros. Apesar disso, também vimos velhos inimigos à espreita, como a fome, as doenças negligenciadas, a crescente desigualdade social, a perseguição às minorias, dentre outros problemas que, infelizmente, ainda estão presentes na vida do século XXI. O contraste entre as produções científicas e a realidade social, despertam algumas questões. O desenvolvimento científico implica necessariamente na melhoria da qualidade de vida? O acesso à ciência e à construção científica estão ao alcance de todos? É possível construir uma nova ciência baseada na maior participação popular e no acesso mais igualitário?

Para alguns pesquisadores do campo da Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) esse fenômeno de desigualdade de acesso e produção de ciência teve sua origem na Revolução Científica dos séculos XVI e XVII, em que foram instituídos parâmetros para o fazer científico. Se,por um lado, a Revolução Científica foi muito importante para a padronização da ciência e a garantia da maior confiabilidade, por outro, ela retirou a validade dos saberes construídos fora da academia e criou a falsa sensação de imparcialidade do processo científico. Dessa forma, a Revolução Científica foi um divisor de água para as relações entre ciência e sociedade, marcando um afastamento entre a produção científica e a sociedade. 

Diante desse cenário, a reaproximação entre a academia e a sociedade se mostrou importante para se pensar em outras ciências possíveis. O que levou à criação e desenvolvimento de vários campos de estudos, que buscam formular técnicas e estratégias para a reaproximação e a redução das desigualdades relacionadas ao acesso e à produção da ciência e tecnologia. Entre elas, o campo da Tecnologia Social, que tem como objetivo o desenvolvimento de ferramentas tecnológicas para a solução de problemas reais, vividos por setores da sociedade historicamente segregados das discussões políticas e científicas.  Assim, a Tecnologia Social busca, a partir do maior diálogo entre a academia e a sociedade, democratizar as discussões científicas e desenvolver soluções baseadas na produção coletiva do conhecimento.

Diante da importância dessa discussão e da necessidade de pensar em outras formas de produção científica, o PET conecTTE definiu “as tecnologias sociais críticas e as possibilidades de transformação da sociedade” como tema fomentador dos projetos e ações do grupo em 2023.

Autora: Brisa Lourenço.

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